Rádio Record estreia em FM

Ouvintes já podem sintonizar os 77,1 MHz com alta qualidade

Desde as primeiras horas desta 1º de dezembro de 2025, está no ar, para toda a Região Metropolitana de São Paulo, o sinal da Rádio Record em FM 77,1 MHz, emissora migrante da estação tradicional de AM 1000 KHz.

O sinal está com forte intensidade, proporcionando excelente captação, sem ruídos e com boa qualidade de som. Ainda não foi ativado o serviço de envio de informações de texto da emissora — o RDS.

Às 8h da manhã, entrou no ar o programa “Manhã Record”, apresentado por Léo Miranda, que anunciou oficialmente a ativação do novo sinal em FM. Ao longo da atração, que ficou centrada na novidade, o locutor fez diversas chamadas destacando a novidade e pediu que os ouvintes enviassem mensagens pelo WhatsApp relatando como estavam recebendo a transmissão em 77,1 MHz. Miranda também realizou intervenções relembrando a história da Rádio Record.

Houve até a execução de um trecho do "Hino à Record", que foi ao ar em 1956, durante o jubileu de prata da emissora. "Ouvintes do meu São Paulo, esta é a Rádio Record; ouvintes do meu Brasil, está falando 'A Maior'", cantava a marchinha.

Entre as participações de ouvintes e personalidades que foram ao ar, destaque para o depoimento do comunicador Eli Corrêa. "Eu que  tantos anos trabalhei aqui na Record, sou tão grato à Record, estou imensamente feliz por dizer que agora você vai receber a programação Record com a melhor qualidade de áudio, com o som estéreo, sem  interferências ou ruídos", afirmou.

A manhã também teve espaço para homenagens. O lendário — e saudoso — locutor Zé Béttio, que marcou época com seu programa diário na Rádio Record, foi lembrado com a execução de um trecho de sua performance.

Nova Fase

A migração para FM vem sendo anunciada pela Record há mais de um ano. Desde então, a emissora vem orientando seus ouvintes sobre a necessidade de adquirir receptores compatíveis com a faixa estendida de FM (eFM), para que pudessem captar o novo sinal.

A Rádio Record FM 77,1 MHz vai ao ar a partir da torre do Grupo Record, situada na Av. Paulista — a mais antiga de São Paulo, de onde também são transmitidas a TV Record, Record News TV, Rádio Aleluia FM 79,5 e um sinal de testes de TV digital 3.0. Com Classe E2, o projeto técnico da FM 77,1 MHz garante 45 kW de potência no transmissor e uma potência efetiva irradiada (ERP) de 181 kW, colocando a Record entre as emissoras mais potentes de São Paulo.

Desligamento da AM 1000 KHz

No ar, o locutor Léo Miranda informou que a emissora trabalha agora com uma nova data para desligar a transmissão do AM 1000 KHz: final de fevereiro de 2026.

Até lá, vai manter o sistema "simulcast" com os dois sinais no ar para dar uma última chance de adaptação à audiência.

História

A Rádio Record é a emissora mais antiga em atividade no estado de São Paulo e uma das mais tradicionais do Brasil. Sua ata de constituição — da então Rádio Sociedade Record — completa 97 anos, assinada em 2 de abril de 1928. A sede e a estação de broadcasting foram instaladas no primeiro andar do sobrado nº 17 da Praça da República, esquina com a Rua Barão de Itapetininga, no centro da capital paulista. A emissora foi fundada pelo comerciante e advogado Álvaro Liberato de Macedo, proprietário da Casa Record, loja especializada em rádios, discos e vitrolas.

A inauguração oficial ocorreu em 23 de outubro de 1928, às 20h30.

A entrada de Paulo Machado de Carvalho

Em 1931, Álvaro Liberato vendeu a emissora ao empresário e advogado Paulo Machado de Carvalho, em sociedade com o cunhado Pipa Amaral e o amigo Jorge Alves de Lima. A nova fase teve início em 11 de junho de 1931, após uma grande reforma estrutural e a criação de uma programação inovadora. Surge ali o slogan “A Voz de São Paulo”, que marcou época e ampliou significativamente o alcance da estação.

Anos 1940 e 1950: a era de ouro

Com transmissões de programas idealizados por nomes como Blota Júnior e Otávio Gabus Mendes, além de espetáculos musicais com um elenco fixo numeroso, a Record conquistou a liderança de audiência em São Paulo durante as décadas de 1940 e 1950. Dessa fase nasce seu slogan mais emblemático: “Rádio Record, A Maior”.

Sucesso popular nas décadas de 1970 e 1980

A emissora voltou ao primeiro lugar de audiência nos anos 1970 e 1980, consolidando-se com uma programação popular e comunicadores que se tornaram ícones: Zé Béttio, Silvio Santos, Gil Gomes e Eli Corrêa, entre outros.

Nesse período, o empresário e apresentador Silvio Santos tornou-se sócio da família Machado de Carvalho.

Crise e venda para a Igreja Universal

Uma crise financeira, no final dos anos 1980, levou à venda das emissoras do grupo — incluindo a Rádio Record — para a Igreja Universal do Reino de Deus, em março de 1990. A nova administração manteve a linha popular até 2001, quando promoveu uma reestruturação profunda: comunicadores foram dispensados e a grade passou a ser predominantemente religiosa. Apenas Paulinho Boa Pessoa e a equipe esportiva de Fiori Gigliotti permaneceram no ar.

A mudança reduziu significativamente a audiência, e em alguns horários a emissora funcionava apenas como retransmissora da Rádio São Paulo, do mesmo grupo.

Retomada parcial e fase comercial (2004–2011)

A partir de 2004, a emissora voltou gradualmente a adotar uma linha mais comercial. Em julho de 2006, a nova diretoria — Cássio Lima (geral) e Roberto Foster (comercial) — impulsionou a rádio à terceira colocação entre as populares da capital. Comunicadores conhecidos retornaram ou estrearam na casa, como Gil Gomes, Kaká Siqueira, Leão Lobo, Lilian Loy e João Ferreira, além de nomes do esporte como Juarez Soares e Paulo Morsa.

Foi implantado também um novo website, com transmissão ao vivo pela internet.

Em 2009, as transmissões esportivas passaram a ser feitas pela equipe de Éder Luiz, em parceria com a Rede Transamérica. No mesmo ano, a rádio recuperou o slogan histórico “A Voz de São Paulo” por meio do apresentador José Nello Marques. Ainda em 2009, o radialista Paulo Barboza estreou na emissora vindo da Rádio Capital.

Recuo e reestruturação (2011–2012)

Em julho de 2011, a emissora demitiu a maior parte de seus comunicadores. Em 5 de agosto de 2011, a programação tradicional foi encerrada, passando a veicular essencialmente músicas e retransmissões da Rádio São Paulo, Rede Aleluia e TV Universal.

A linha popular retornou gradualmente a partir de 2012, ainda com predominância musical.

Da década de 2010 à migração para o FM

Em fevereiro de 2018, visando reorganizar a audiência e já planejando a migração do AM para o FM, a emissora contratou o comunicador Adriano Pinheiro e promoveu ajustes na grade matinal e diária.

A Rádio Record permaneceu sediada por muitos anos no prédio da TV Record, na Barra Funda. A programação manteve um formato híbrido de variedades, esporte, jornalismo e música popular. Após 2001, apesar da forte presença religiosa, a emissora voltou a mesclar conteúdos e manter atrações de entretenimento.

Hoje, seus estúdios funcionam no Jardim Caravelas, distrito de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo.

A programação da Record AM 1000 KHz segue controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus, mesclando programação musical popular, entretenimento e conteúdo religioso. Entre os destaques está o programa “Manhã Record No Ar”, apresentado por Léo Miranda.

Relembre (ou conheça) a antiga FM Record

Não é a primeira vez que o dial FM de São Paulo conta com uma "Record" no ar. Em 1977, na frequência 89,7 MHz, surgia a FM Record, dos grupos Silvio Santos e Paulo Machado de Carvalho, um projeto voltado ao público adulto, combinando música de perfil sofisticado.

A emissora acompanhou o crescimento do FM na capital paulista durante os anos 1980, mantendo programação de alto padrão e boa repercussão entre ouvintes.

Em 1989, a rádio foi vendida ao grupo Sol Panamby, ocasião em que passou por uma guinada editorial. Rebatizada como Nova FM Record — depois apenas Nova FM — adotou um formato jovem, inspirado no pop e na dance music que ganhavam força no dial.

A partir de 1996, a emissora migrou para o formato adulto-contemporâneo, movimento que culminou, em 2000, na consolidação do projeto NovaBrasil FM, dedicado à MPB contemporânea. Assim, a trajetória iniciada como FM Record tornou-se parte da evolução do próprio rádio paulistano, refletindo mudanças de mercado, linguagem e público ao longo de mais de duas décadas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Especial: Como foi a migração de cada emissora AM em São Paulo e quais estão se preparando?

Rádio Record confirma estreia no FM 77,1 MHz em dezembro

Confirmado: Parceria CNN–Transamérica foi realmente rompida após saída de executivo