Super Rádio encerra suas operações em AM na Grande São Paulo
Frequência de 1150 kHz foi desligada às 18h16 desta quarta-feira; emissora segue transmitindo em FM
A tradicional Super Rádio encerrou, no início da noite desta quarta-feira (15), suas transmissões em Ondas Médias, na frequência AM 1150 kHz.
Como adiantado pelo blog São Paulo Broadcast, a emissora do Grupo Mundial de Comunicações havia agendado para hoje a finalização de seu processo de migração AM/FM.
O desligamento aconteceu durante o programa Super Esporte, às 18h16, sem aviso do apresentador, que falava sobre uma promoção da rádio.
O canal Rádio Escuta, no YouTube, registrou o momento do deligamento.
É o fim de uma das mais potentes e emblemáticas frequências do dial paulistano. A emissora segue no ar pela sua estação migrante de FM, nos 80,7 mHz da faixa estendida, estação inaugurada em abril de 2022, com sinal transmitido da Av. Paulista. Desde 8 de agosto, a Super Rádio está indo ao ar também em FM 102,1 mHz, com geração a partir da cidade de Arujá, com boa cobertura em toda região metropolitana.
Com o encerramento do sinal em Ondas Médias, a Super Rádio passa a concentrar suas operações em FM 80,7 mHz — canal migrante dos 1150 kHz, x. A transmissão é feita a partir da Av. Paulista.
Este foi o terceiro desligamento de uma rádio AM na capital paulista em apenas 37 dias. Em 8 de setembro, a AM 1260 kHz (Super Rede Boa Vontade de Rádio) saiu do ar definitivamente, seguida pela AM 780 kHz (Rádio Canção Nova), que encerrou as transmissões no último dia 5 de outubro. Ambas também passaram a operar somente em FM.
Esse "apagão do AM" faz parte do processo nacional de migração para o FM, conduzido pelo Ministério das Comunicações desde 2013, colocado em prática em 2021. A medida busca melhorar a qualidade técnica das transmissões de rádio e acompanha a mudança nos hábitos de consumo de mídia sonora, cada vez mais voltados ao ambiente digital e às faixas de FM.
Da Rádio Cacique à Super Rádio
A história da emissora começou em 28 de julho de 1958, com a inauguração da ZYR-41 Rádio Cacique de São Caetano do Sul - AM 1330 kHz, conhecida como “A Rádio do Índio”. Com grande penetração na região do ABC, destacou-se por abrir espaço à música popular e por sua atuação comunitária.
Em 1981, o empresário Paulo Masci de Abreu adquiriu a estação, transferindo seus estúdios para a Av. Paulista, em São Paulo, e os transmissores para o Parque do Trote, na Vila Guilherme, também em São Paulo, de onde transmitiu até hoje.
Controlada pelo então chamado Grupo CBS, a rádio passou a se chamar Difusora do Brasil AM e, a partir de 1985, Super Rádio Tupi AM — mesmo nome da rádio dos Diários Associados, que havia sido fechada pelo governo no ano anterior.
Posteriormente, a Super Rádio Tupi mudou-se para os 1330 kHz e nos 1150 passaram a ser veiculados outros projetos radiofônicos — alguns do próprio grupo CBS, como Rádio News, Rádio Scalla, Tupi FM (no AM), — e outros por meio de arrendamentos, entre eles, Rádio Deus é Amor, Super Rede Boa Vontade de Rádio, Rádio Cristã e Rádio Melodia.
Em 2013, a Super Rádio Tupi já tinha voltado aos 1150 kHz e teve de abandonar o nome “Tupi”, após uma disputa judicial com os Diários Associados, ainda detentor da marca. A emissora passou a se chamar definitivamente Super Rádio e, desde então, consolidou uma base fiel de ouvintes e um elenco de comunicadores experientes.
A programação, que combina música brasileira, entretenimento, jornalismo regional, esportes e religião, segue inalterada, com perfil de forte interatividade com o público, característica que ajudou a emissora a se tornar uma das vozes mais populares do dial paulista. Atualmente, a programação da Super Rádio conta com um elenco de experientes comunicadores, como Roni Magrini, Ricardo Leite, Ricardo Liel, Milton Bardelli, entre outros. A programação religiosa fica a cargo do padre Marcelo Rossi.
O desligamento do AM 1150 representa o fim de um ciclo que atravessou gerações, estilos e mudanças tecnológicas, deixando uma marca definitiva na história do rádio em São Paulo.
O atual cenário do dial AM paulistano
Com a saída da Super Rádio, o dial AM da Grande São Paulo se aproxima de sua configuração mais enxuta, composta basicamente por emissoras que ainda resistem — seja por motivos financeiros ou por estarem em fase de transição técnica.
De uma faixa que já chegou a abrigar quase 30 estações simultaneamente na Região Metropolitana de São Paulo, restam hoje apenas 16 emissoras ativas. Dessas, apenas sete mantêm suas programações exclusivamente no AM, sem presença no FM. Veja o levantamento:
560 kHz – A Guardiã da Notícia (exclusiva no AM, mas anunciando migração)
700 kHz – Nossa Rádio (programação já no FM)
740 kHz – Rádio Trianon (programação exclusiva no AM)
920 kHz – AM 920 (exclusiva no AM, mas sem programação definida)
1000 kHz – Rádio Record (exclusiva no AM, mas anunciando migração)
1040 kHz – Rádio Capital (programação já no FM)
1070 kHz – Rádio Metropolitana Mogi (programação exclusiva no AM)
1200 kHz – Rádio Cultura Brasil (programação já no FM)
1230 kHz – Rádio Atual (programação já no FM)
1300 kHz – Rádio Universo (programação já no FM)
1330 kHz – Rádio Iguatemi (programação exclusiva no AM)
1450 kHz – Rádio Boa Nova (programação já no FM)
1490 kHz – Rádio Imaculada (programação exclusiva no AM)
1520 kHz – Rádio Da Cidade (programação já no FM)
1570 kHz - Rádio ABC (programação já no FM)
1600 kHz – Rádio 9 de Julho (programação exclusiva no AM)
Metade dessas emissoras ainda no ar já transmite suas programações em FM na Grande São Paulo — seja por meio de estações migrantes do AM para o FM estendido, seja por meio de frequências do FM tradicional.
As rádios A Guardiã da Notícia e Record mantêm o AM ativo em caráter temporário, já anunciando a migração para breve. Já a 9 de Julho e a Metropolitana de Mogi das Cruzes, no entanto, ainda não iniciaram o processo de migração e seguem firmes no AM.
O quadro atual simboliza uma fase de transição definitiva: o AM paulistano, que por décadas foi o coração da comunicação popular e jornalística da metrópole, agora se reduz a poucos sinais — remanescentes de um modelo que marcou gerações e que vem cedendo espaço à era digital e à expansão do FM estendido.

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